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domingo, 28 de fevereiro de 2010

Soneto hermenêutico

Universo: um espelho em pedaços
Que meu verso tolo tenta refundir
Em todos os seus infinitos laços
De luz em perpétuo refletir.

Unidade estilhaçada no espaço
Simples quadratura do redondo
É a fantástica imagem que faço
E a real verdade que sonho.

Deus-vontade que vislumbro
Através de mim verte o mundo
Para que a tudo Eu possa me ... adequar.

Justiça que subjulga a consciência
Trazendo ao centro a quintessência
Para que em tudo Eu possa me ... encontrar.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Pai Nosso da Transformação

Forma primeira e última,
Que está no início dos tempos e do espaço.


Santificados sejam todos os nomes do Todo;
Vamos nós à Unidade do Universo;
Seja Tua Vontade desejada por cada parte;
Assim na real como no virtual.


Dai-nos agora, a informação de cada segundo.


Verticalizai-nos - assim como nós nos horizontalizamos.


(Mas) Não nos deixeis cair em desordem
E livra-nos das demandas entrópicas do ruído.
Amém!

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

As Flores do Bem


-um devaneio poético dos sentimentos florais de Bach.

A Coroa Luminosa.O Orgulho reside na Coroa. É a incapacidade de viver plenamente a solidão da existência e de se identificar com o Divino. Frente à Luz Eterna, extática e apolar de Kether, há três forma básicas de manifestação do Orgulho:o Egoísmo (Heather), o Despeito (Impatiens) e a Altivez (Water Violet). Ou seja: ou somos os ‘donos’da Coroa Sagrada, ou invejamos não tê-la, ou ainda, fingimos não desejá-la.
O Egoísmo é o sentimento que aflora à consciência fruto de uma ilusão de poder e autonomia, que acaba isolando a pessoa através de uma dependência arrogante que desconhece sua real integração com os outros. O Despeito, por sua vez, sempre gera impaciência e irritabilidade. É a raiva invejosa que impede a identificação emocional com o que lhe é superior. A Altivez assemelha-se ao egoísmo, uma vez que também é uma identificação virtual com a Luz Interior, enquanto o Despeito, filho da Rivalidade, é uma resistência instintiva a este reconhecimento. Porém, enquanto o Egoísta se sente superior, se colocando sempre no centro das atenções, o Altivo sofre calado, discretamente, criando um mundo próprio onde reina absoluto.

Os olhos e o presenteSão os olhos que interpretam e interpenetram a Realidade. São eles que organizam as vibrações e freqüências cromáticas em formas, criando a Imag-em-ação. Para aprender a observar é necessário conhecer os mecanismos da imaginação dos olhos, seus subterfúgios mentais. O Devaneio (Clemantis), em que a mente esconde a Realidade em divagações do pensamento, é uma das fugas psic-óticas mais freqüentes, porém a Nostalgia (Honeysuckle) - quando a imaginação se refugia da lembrança de um passado belo - e as projeções de um Futuro Negro (WhiteChestnut) - onde a suposição de fatos desagradáveis sempre se antecipa - são também manifestações constantes aos olhos pouco observadores. O belo passado e o futuro negro nos roubam o olhar do presente.
Mas há também os Olhos Tristes e os Olhos Cansados. A Tristeza pode se manifestar sob a forma de Melancolia (Mustard) ou de Apatia (Wild Rose), sendo a primeira uma nuvem negra que se abate sobre os olhos cegando-os para vida, enquanto a outra apresenta traços de um conformismo e de uma resignação com sua situação.
Já os Olhos Cansados podem ser fracos (Olive) ou repetentes (Chestnut Bud). Estes últimos estão cansados de viver experiências recorrentes, de repetir erros de uma forma viciada; enquanto os primeiros têm preguiça de ver e não querem mais observar.

A Palavra e a VozSe se observar como um homem se sente após ter empenhado sua palavra sobre algum assunto, podemos determinar corretamente a forma de indecisão que lhe é peculiar. Trata-se sempre de uma luta da Vontade contra a Dúvida, do cumprimento da palavra emprenhada pela voz contra a sua desmoralização pelo corpo e pela realidade. Enquanto os olhos não apenas apreendem, mas também estruturam, a realidade; a Voz é como uma Espada que luta por sua transformação.
Caso haja uma alternância (Scleranthus) entre dois opostos, a euforia e a tristeza, por exemplo, termos uma indecisão de um tipo diferente do que se nossa confiança na intuição inicial for carcomida por suposições racionalistas (Cerato).Já se formos abertamente pessimistas, podemos ser classificados em três categorias: aquele que desanima facilmente frente às dificuldades (Gentian), o derrotista inveterado (Gorse), que justifica sua apatia e estagnação na própria fé, e, finalmente, a fadiga psicológica (Hornbean), que também pode ser chamada de preguiça verbal.
Há ainda pessoas a que faltam determinação (Wild Oat), que não conseguem honrar a palavra por absoluta falta de convicção em tudo.


O Coração e o OutroO Coração por natureza é volúvel e susceptível à influência dos outros. Seus movimentos, cardíacos, pulsam em pelo menos quatro ritmos:
O Malvado - Quando o coração odeia, se remoendo de raiva ou ciúme, é porque inveja um outro coração (Holly).
O Fingido - Quando o coração mente, escondendo sua tristeza em uma alegria histérica e falsa (Agrimony).
O Servil - Quando o coração não tem vontade própria e se esmera em agradar sempre aos outros, sacrificando-se (Century).
O Mutante - Quando o coração não odeia, não mente, nem se presta à adulação; ele pulsa uma revolução, porque se esquece do Outro e se concentra em si, propiciando mudanças e transformação (Walnut).

O Inventário dos MedosHá medos e medos. Os indefinidos e genéricos, medos vagos como pressentimentos maus (Aspen); e também medos específicos: medo de doença, de pobreza, de escuridão, de ficar sozinho (Minimulus). Pode-se sentir medo de si mesmo, de perder a razão e fazer coisas terríveis (Cherry Plum) e também pode-se sentir medo pelos outros, a aflição obsessiva que teme que aconteçam desgraças àqueles que amam (Red Chesnut). Mas o pior de todos os medos é o pânico desesperado de temer o próprio medo. É o medo do medo (Rock Rose).
Mas, todos esses medos, que formigam no meu plexo solar, são medos da vida. Para o medo da morte não há remédio, sabor ou perfume. A única saída é enfrentá-lo corajosamente de cara limpa.

O EspelhoVejo o sexo como a lua, como um imenso espelho branco prateado, como uma balança moral onde os homens se comparam e estabelecem critérios de julgamento. Nele posso me reconhecer como o obsessivo e possessivo superprodutor (Chicory) ou como dominar inflexível, que em sua ambição arrogante e prepotente, quer dominar os outros (Vine).
Através do espelho sexual de minha lua, quero ser um exemplo para os outros, seja na forma de culpa e de automartírio moral (Rock Water), seja no fanatismo narcistista de querer converter todos às minhas crenças e idéias fixas (Vervain), ou ainda sendo crítico e intransigente com tudo e com todos, não aceitando meus relacionamentos (Beech).

O Desalento EscatológicoAparentemente os dois significados da palavra ‘escatologia’ não têm a menor conexão lógica. Mas, para os observadores do mundo interior que distinguem as manifestações coccígenas de seus sentimentos, há uma relação anal muito clara e evidente entre os excrementos biológicos humanos (a merda) e o Final dos Tempos e da História. É o Desalento.
Este pode ser um sentimento de inferioridade e de fracasso, sem confiança na própria capacidade e que nunca se arrisca (Larch) ou um complexo de culpa anal, uma insatisfação crônica consigo mesmo, que se sente responsável pelas falhas dos outros (Pine). Há ainda os desalentos pessimistas provocados pelo excesso de responsabilidade (Oak), pela inadequação pro uma exigência exagerada (Elm) ou pelo sentimento de ter sido injustiçado e humilhado: o amargo ressentimento anal dos estuprados (Willow).
Existem também o desalento dos choques naqueles que recusam o consolo (Star of Bethelem) e o desalento das angústias da degeneração generalizada (Sweet Chestnut). Porém, o desalento mais escatológico é o que se identifica diretamente com os excrementos e com a falta absoluta de perspectiva dos que têm njo ou vergonha de si mesmos (Crab Aple), pois não se trata apenas de auto-aversão ou de rejeição, mas do sentimento de ser uma merda.

Os florais e os centros de energia.A Coroa, os Olhos, a Voz, o Coração, o Espelho e a Merda. Cada um com seus perfumados sentimentos, com seus aromas e humores, fragrâncias e fedores dos pecados capitais. Mas, nessa matéria volátil, todas as classificações são pífias. Belas são as flores e não as palavras que as chamam. Belos são os Jardins dos Sete Palácios Celestiais.

(VII) A Coroa, o orgulho e a luz.
A) Heather - Egoismo e dependência.
B) Impatiens - Impaciência e irritabilidade.
C) Water Violet - Sofrem caladas, sentem-se superiores, altivos.

(VI) Centro Frontal, os olhos e a imaginação.
A) Chestnut Bud - repetição de erros, situações recorrentes, vícios,
B) Clematis - Sonhadores, divagação do pensamento, ilusões mentais.
C) Honeysuckle - Pessimismo e nostálgia, fuga para o passado belo.
D) Mustard - Depressão violenta sem motivos, melancolia fria.
E) Olive - Força para seguir, cansaço justificado.
F) White Chestnut - Evitar idéias e suposições desagradáveis.
G) Wild Rose - Resignação, conformismo, apatia.

(v) Centro Laríngeno, a voz e a Palavra.
A) Cerato - Falta de confiança, conflito entre intuição e racionalismo.
B) Gentiam - Pessimismo de depressão, desanima nas dificuldades.
C) Gorse - Estagnação, apatia, derrotismo.
D) Hornbean - Fadiga psicológica.
E) Sclerantus - Indecisões biopolares. Alterna euforia e tristeza.
F) Wild Oat - Falta de determinação.

(IV) Centro Cardíaco e o coração indeciso.
A) Agrimony - Escondem problemas com falsa alegria.
B) Centaury - Tentam agradar os outros, timidez.
C) Holly - Ódio, inveja, negatividade pura.
D) Walnut - Para revoluções de vida.

(III) os medos do plexo solar.
A) Aspen - Medos indefindos de coisas específicas.
B) Cherry Plum - Desespero suicida, colapso nervoso.
C) Mimulus - Medo do mundo, medos leves mais persistentes.
D) Red Chestnut - Para os que se afligem por outros e esquecem de si.
E) Rock Rose - Pavor, pânico - remédio de emergência.

(II) Centro sacro: a lua, o espelho e o sexo.
A) Beech - Intolerância, não aceita os outros.
B) Chicory - Possessividade e supermeticulosidade, vítima.
C) Rock Water - Auto-martírio moral, culpa.
D) Vervain - Fanatismo, idéia fixa.
E) Vine - Ambição prepotente, querem dominar os outros.

(I) Centro coccígeno, a merda.
A) Crab Aple - Auto-aversão, rejeição, identificação com o negativo.
B) Elm - Inadequação por exigência exagerada.
C) Larch - Sem confiança na própria capacidade.
D) Oak - Excesso de responsabilidade.
E) Pine - Insatisfação, projeta seus erros nos outros.
F) Star of Bethelem - Estado de choque.
G) Sweet Chesnut - loucura, desorganização afetiva.
H) Willow - Amargura.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Meus mandamentos


1) Eu aceito, mas não me conformo. Aceito minha vida, com as perdas e com as dificuldades; mas não me conformo com elas, busco compensações. Eu aceito a vida, mas quero algo melhor. Quero viver em um mundo melhor, quero ser uma pessoa melhor também. Eu aceito tudo, inclusive eu sofrendo neste universo, mas não posso me resignar com essa aceitação. Sou um corpo em que habita um demônio, um anjo e um cara que vive negociando com os outros dois. O anjo sempre quer que eu aceite tudo e o demônio é um eterno inconformado. E eu (o dos três dentro de mim que responde por meu nome) passo a vida negociando com a aceitação absoluta e o relativismo inconformista.

2) Sou humilde, mas não sou modesto. A aceitação me ensina a humildade, o inconformismo me faz audaz. Humildade é a consciência de minha insignificância e a audácia, a percepção de minha singularidade. E quando a falta de modéstia não gera falso reconhecimento e vaidade, ela produz infâmia. Sou humilde, simples húmus da terra, mas sou diferente. “Somos especiais, não somos iguais uns aos outros” – diz sempre o demônio para mim. “Aceitar as diferenças nos iguala como irmãos” – revida o anjo.

 
3) Eu obedeço, mas não comando – não desejo responsabilidades. Os ensinamentos esotéricos dizem que os anjos têm três corpos e os demônios têm quatro. Apenas os homens - imagem e semelhança do Divino - têm sete corpos: três janelas acima para obedecer aos anjos e quatro portas abaixo para comandar os demônios.

 
4) Eu confio, mas não acredito. Confio nas pessoas, mas não acredito em suas idéias. Tenho fé nos seres vivos e sou cético em relação ao inorgânico. As crenças formam um sistema de domesticação dos sonhos. A confiança é a intimidade dos desejos repartidos. Confio no anjo e no demônio, são meus amigos; mas não acredito neles, não sou cúmplice de seus sentimentos e desconfio dos seus pensamentos.

 
5) Eu perdôo, mas não esqueço. Porque com o esquecimento, tudo acontece novamente. A memória do fato é um aprendizado da consciência, é para ser lembrado, não como mágoa, ressentimento ou rancor, mas como um ensinamento ético. Eu perdôo para ser perdoado e não me esqueço para não ser esquecido.

 
E, no desterro das lembranças, mandarei o demônio para o inferno e o anjo para céu, entregarei minha memória em um altar, confessando que fui feliz; libertando-me deste emprego humano de ser professor e aprendiz das criaturas.