segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

as 3 flechas

 


AS TRÊS FLECHAS DO ARQUEIRO TRANSCENDENTAL

Reza a lenda que Arjuna recebeu de Krishna a seguintes instrução: o guerreiro tem três flechas. A primeira já foi lançada. É o passado. A terceira está guardada e é o futuro. A segunda flecha é o presente e está no arco pronta para ser disparada.

Se o arqueiro lança a flecha do presente  na mesma direção da flecha passada, então, haverá KARMA, uma ação do passado sobre o presente determinando o Destino. Porém, se o arqueiro aponta a flecha para uma direção diferente da flecha já lançada, então haverá DHARMA, uma ação em que o Destino é imprevisível.

O Karma é Dívida, cobrada através da família; o Dharma é a Dádiva, expressa através do trabalho. Se o homem repete seu passado, vive eternamente em dívida. Mas, se o homem trabalha um futuro melhor para todos, então, ele é o senhor do seu destino. 

O Budismo compreende o karma como uma contabilidade moral de méritos e deméritos durante a vida, a ser saldada por ações meritórias e pela não-reação à violência; enquanto, para o Hinduísmo, o Karma Yoga é um sistema voltado para ação. No Bhagavadgita, Krishna instrui Arjuna como guerrear sem adquirir karma. 

Ambas religiões enfatizam que, além da redenção dos erros e das ausências, o Dharma é a grande obra coletiva de transformar o mundo em um lugar melhor.

o poço

 


Pode-se trocar uma cidade de lugar, mas não se pode mudar um poço”. I Ching

Cavei um poço dentro de mim e nele me enraizei para viver com liberdade. 

Me tornei um escravo da autonomia, centralizando as trocas da vida. Plantas, animais e outras pessoas passaram a viver em meu entorno, vivendo em meus ritmos sem perceber. 

Maldita independência que me fez depender dos dependentes, sou parasita dos que me sugam. 

Todos retiram água sem restrições, mas ninguém pede, agradece, nem percebe que existo como ser. 

Aliás, é comum que, as pessoas se vendo refletidas em minhas águas, me acusem de seus próprios defeitos.

Eu sou um poço profundo, dentro de mim tem um mundo que ninguém nunca vai ver. Se não posso sair do lugar, sou anterior a quem me procura e continuarei vivo depois que se forem. 

Sou eternamente fixo, crucificado no chão, com tudo girando em minha volta.