LENDA DA CRIAÇÃO IORUBA
Olodumaré, deus demiurgo, deu ao
seu filho Oxalá a missão de criar o mundo. Um saco com três
cabaças. A primeira cabaça continha as cinzas de Ododua, a mãe
terra. A segunda tinha o pó das estrelas de Obatalá, o céu. E a
terceira estava vazia.
Oxalá partiu em sua jornada para
cumprir sua missão de manhã, quando ainda era uma criança,
Oxaguiã, e se esqueceu de agradecer a seu pai e de honrar a memória
de todos os seres, com sacrífcios e oferendas. Ao cair da noite,
quando se transforma no ancião Oxalufan e se apoia em seu cajado
mágico, o Paxoró; Oxalá chegou a porta do Orum, o mundo
espiritual. Lá encontrou seu irmão Exú – que descontente com a
falta de consideração fraterna, havia planejado em pegar uma peça
no mais velho.
“Tudo começa com a dádiva” -
disse Exu da Porta do Céu.
- O que você deseja, Exu? -
perguntou o ancião.
- Na verdade desejo partilhar com
vocês as oferendas que recebo – disse Exu, materializando um prato
de pipocas apimentadas e uma cabaça de água ardente em uma toalha
vermelha e preta aos pés de Oxalá.
Oxalá havia caminhado o dia inteiro
e estava faminto. Aceitou e comeu a pipoca oferecida por Exú sem
perceber que ela estava fortemente temperado com pimenta de dendê.
Quando a ardência se manifestou, Oxalá pediu água para Exú, que
lhe deu a água ardente destilada do vinho de palma. Bêbado, o orixá
caiu inconsciente e dormiu.
Exú, então, foi até o saco e
retirou as três cabaças do saco da criação. Em seguida, misturou
os pós negativo e positivo na cabaça vazia; sacudiu bem e soprou
pelos quatro cantos do mundo, criando o Ayè, o mundo material.
Por isso, se diz que Oxalá é o
senhor de Orum, o mundo espiritual; e que Exu é o senhor de Ayè, o
mundo material.