quinta-feira, 11 de março de 2021

dê o que deseja receber

 A LEI UNIVERSAL

A ética da reciprocidade, também chamada de regra de ouro ou regra áurea, é um princípio moral que pode ser expressa como uma injunção positiva ou negativa:

Cada um deve tratar os outros como gostaria que ele próprio fosse tratado (forma positiva ou diretiva).

Cada um não deve tratar os outros da forma que não gostaria que ele próprio fosse tratado. (forma negativa ou proibitiva, ou ainda regra de prata)

Em ambas as formas, serve como uma diretiva para tratar os outros como a si próprio. A Regra de Ouro difere da máxima da reciprocidade expressa como do ut des - "Dou para que tu dês" − sendo, por isso, um compromisso moral unilateral com vista ao bem-estar dos outros, sem expectativas de nada em troca.

No entanto, muitos autores cristãos vinculam a forma negativa da regra de ouro como uma consequência da visão contractualista de uma sociedade hobbesiana,  na qual cada pessoa se considera primeira e majoritariamente como um indivíduo que transborda direitos/desejos, mas que não tem nenhuma responsabilidade fundamental para com ninguém. Segundo este ponto de vista, em sua forma invertida, há um esvaziamento moral em seu sentido, uma vez que a finalidade da regra de ouro passa ser apenas a proteção  direitos/desejos individuais e simultaneamente reduzir o conflito com os outros indivíduos. A regra, portanto, em sua versão invertida, abandona o seu compromisso moral com o bem-estar dos outros focando apenas na busca do bem próprio.

O conceito ocorre, sob alguma forma, em quase todas as religiões e tradições éticas. Também pode ser explicada sob a perspectiva da psicologia, da filosofia, da sociologia e da economia. Psicologicamente, envolve o desenvolvimento de empatia com os demais. Filosoficamente, envolve uma pessoa perceber seu próximo também como um "eu". Sociologicamente, "ama o próximo como a ti mesmo" é aplicável entre indivíduos, entre grupos e também entre indivíduos e grupos. Em economia, Richard Swift, em referência a ideias de David Graeber, sugere que "sem algum tipo de reciprocidade, a sociedade não poderia mais existir".

Exemplos de referência à Regra Áurea nas religiões mais antigas

No zoroastrismo (cerca de 660 - 583 a.C.)

Um caráter só é bom quando não faz a outros aquilo que não é bom para ele mesmo. − Dadistan-i-Dinik 94:5

No budismo (cerca de 563 - 483 a.C.)

Não atormentes o próximo com aquilo que te aflige. − Udana-Varga 5:18

No confucionismo (cerca de 551 - 479 a.C.)

Não façais aos outros aquilo que não quereis que vos façam. − Analectos de Confúcio, 12.2 e 15.24

No hinduísmo (cerca de 300 a.C.)

Esta é a suma do dever: não faças aos demais aquilo que, se a ti for feito, te causará dor. − Mahabharata (5:15:17)

No judaísmo (cerca de 200 d.C.)

O que é odioso para ti, não o faças ao próximo. Esta é a lei toda, o resto é comentário. − Talmude, Shabbat 31ª

No islamismo (cerca de 570 - 632 d.C.)

Nenhum de nós é crente até que deseje para seu irmão aquilo que deseja para si mesmo. − Suna

No cristianismo (cerca de 30 d.C.)

Portanto, tudo que quereis que os homens vos façam, fazei-o também a eles. − Jesus, no Sermão da Montanha, Mateus 7:12

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

EMA

 

Para diversos indígenas brasileiros, uma das figuras principais que podemos observar no céu noturno é a grande Constelação da Ema, que fica entre a constelação de Escorpião e o Cruzeiro do Sul.

Segundo o mito, a Ema tenta devorar dois ovos de pássaro próximos ao seu bico, representados pelas estrelas alfa Muscae e beta Muscae. E o Cruzeiro do Sul está segurando o bico da ave que, de outra forma, acabaria bebendo toda água da terra e devorando toda a humanidade. 

Conheça AQUI a lenda EMA.


domingo, 10 de janeiro de 2021

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

feliz natal

 


A celebração do solstício, em diferentes tradições, é um momento de conexão com o sol e com a luz. É o aniversário de Krishna, de Mitra, de Hórus, de Attis, de Jesus e de vários outros deuses solares que encarnaram essa conexão. É a celebração da generosidade e do agradecimento: "Presentes e mais presente EU tenho para te dar".

Em retribuição e reconhecimento, pela vida e tudo mais, desejo um feliz natal para todos e um ano novo cheio de alternativas e criatividade. Apesar de toda falsidade, o natal é a celebração do Self.

terça-feira, 6 de outubro de 2020

breve vitória

 

Cantar de Galo

(uma fábula de Esopo)


Dois galos estavam disputando em feroz luta, o direito de comandar o galinheiro de uma chácara. Por fim, um põe o outro para correr e é o vencedor.

O Galo derrotado afastou-se e foi se recolher num canto sossegado do galinheiro.

O vencedor, voando até o alto de um muro, bateu as asas e exultante cantou com toda sua força.

Uma Águia que pairava ali perto, lançou-se sobre ele e com um golpe certeiro levou-o preso em suas poderosas garras.

O Galo derrotado saiu do seu canto, e daí em diante reinou absoluto livre de concorrência.

Moral da História: O orgulho e a arrogância são o caminho mais curtos para a ruína e o infortúnio.

terça-feira, 29 de setembro de 2020

dualidade de mundos


 LENDA DA CRIAÇÃO IORUBA

Olodumaré, deus demiurgo, deu ao seu filho Oxalá a missão de criar o mundo. Um saco com três cabaças. A primeira cabaça continha as cinzas de Ododua, a mãe terra. A segunda tinha o pó das estrelas de Obatalá, o céu. E a terceira estava vazia.

Oxalá partiu em sua jornada para cumprir sua missão de manhã, quando ainda era uma criança, Oxaguiã, e se esqueceu de agradecer a seu pai e de honrar a memória de todos os seres, com sacrífcios e oferendas. Ao cair da noite, quando se transforma no ancião Oxalufan e se apoia em seu cajado mágico, o Paxoró; Oxalá chegou a porta do Orum, o mundo espiritual. Lá encontrou seu irmão Exú – que descontente com a falta de consideração fraterna, havia planejado em pegar uma peça no mais velho.

Tudo começa com a dádiva” - disse Exu da Porta do Céu.

- O que você deseja, Exu? - perguntou o ancião.

- Na verdade desejo partilhar com vocês as oferendas que recebo – disse Exu, materializando um prato de pipocas apimentadas e uma cabaça de água ardente em uma toalha vermelha e preta aos pés de Oxalá.

Oxalá havia caminhado o dia inteiro e estava faminto. Aceitou e comeu a pipoca oferecida por Exú sem perceber que ela estava fortemente temperado com pimenta de dendê. Quando a ardência se manifestou, Oxalá pediu água para Exú, que lhe deu a água ardente destilada do vinho de palma. Bêbado, o orixá caiu inconsciente e dormiu.

Exú, então, foi até o saco e retirou as três cabaças do saco da criação. Em seguida, misturou os pós negativo e positivo na cabaça vazia; sacudiu bem e soprou pelos quatro cantos do mundo, criando o Ayè, o mundo material.

Por isso, se diz que Oxalá é o senhor de Orum, o mundo espiritual; e que Exu é o senhor de Ayè, o mundo material.