domingo, 26 de abril de 2020

Sikhismo


- A religião dos Santos Guerreiros

“Há somente um Deus, cujo nome e verdadeiro criador, isento de temor e inimizade, imortal, não-nascido, autoexistente, grande e generoso. O verdadeiro que estava no começo e estará no fim".

Os Sikhs são um grupo étnico ariano do Norte da Índia, célebre pelo seu espírito guerreiro e sem regime de castas. Foi fundado no século XV pelo guru Nanak e é baseado em seus ensinamentos e nos de nove gurus sikh que se seguiram a ele. Considera-se como o décimo primeiro Guru o livro sagrado Sri Guru Granth Sahib, “O Livro do Senhor”, texto religioso central do siquismo. Toda linguagem usada no Sikhismo vem do Punjabi. O sistema de escrita é o gurumukh, uma língua sagrada anterior ao sânscrito.

O guru Nanak nasceu em uma família hindu em uma época na qual os hindus e os muçulmanos se encontravam em uma situação extrema de conflito. Sentiu-se compelido a formar a religião sikh afirmando: "Não há hindu, não há muçulmano, então qual caminho seguirei? Seguirei o caminho de Deus". O guru Nanak e aqueles que se seguiram a ele rejeitaram o sistema de castas hindu e se empenharam muito para erradicá-lo de seus modos de pensar. Como o sistema de castas foi em uma época identificável pelo sobrenome, todos os homens sikhs usando o sobrenome Singh, que significa leão, e as mulheres o sobrenome Kaur, que significa princesa.

Nove homens iluminados se seguiram ao guru Nanak e juntos ficaram conhecidos como os dez gurus. A palavra guru significa aquele que erradica a escuridão, professor, pessoa honrada, religiosa ou santa. O Sikhismo acrescenta uma definição muito específica à palavra guru - a descida de orientação divina para a humanidade por meio de dez homens iluminados. A termos Sikhi significa discípulo, aprendiz. O estabelecimento da religião sikh começou com o guru Nanak em 1469; o espírito divino foi passado através de cada guru.

O Sikh Dharma foi estabelecido ao longo de 239 anos, de 1469 a 1708, por dez Gurus cujo principal objetivo de vida era promover o bem-estar ético e espiritual do ser humano. Eles ensinaram a diferentes povos, não só na Índia, a viver com dignidade, liberdade e honra, promovendo a igualdade entre os seres humanos sem discriminação.

Ao serem elevados à dignidade de Guru, cada um reforçava a mensagem de seu antecessor e acrescentava algum valor aos ensinamentos. O resultado disso é o legado que chamamos de Sikh Dharma.

O Sikhismo foi durante séculos perseguido como minoria religiosa. Por conta desta perseguição, os Sikhs foram historicamente treinados para autodefesa, e um dos símbolos da religião é justamente a adaga.

Depois da morte do décimo guru, Gobind Singh, em 1708, as escrituras sagradas sikh foram chamadas de Guru Granth Sahib. O Granth foi compilado pelo quinto guru sikh, guru Arjan Dev ji. Ele empreendeu a enorme tarefa de coletar, compilar e examinar os hinos e composições do guru Nanak e seus predecessores. Decidiu incluir não apenas os hinos dos gurus, mas também os de outros homens virtuosos, tanto muçulmanos quanto hindus. Os siques consideram o Guru Granth Sahib um guia espiritual não apenas para eles próprios, mas sim para toda a Humanidade; ele assim exerce um papel central. Seu papel na vida devocional dos siques está baseada em dois princípios fundamentais: que o texto é o Guru vivo e que todas as respostas concernentes à religião e à moralidade podem ser encontradas nele.

O triângulo da fé:

A religião possui três pilares que orientam a prática da doutrina, são eles: repetir o nome de deus, alcançar o sustento com o próprio esforço e a praticar a caridade. Os fiéis também acreditam na existência do karma. O sikhismo prega que os homens estão separados de deus por serem egocêntricos, por isso ficam presos no ciclo contínuo de nascimentos e mortes. Somente a recordação devotada do nome nam simaram e a repetição do nome nam japam permitem a libertação do egocentrismo e a união com Deus.

Ao contrário da maioria das outras religiões, os vestem os cinco artigos de sua fé. Esses são conhecidos como os cinco “K”.

-Kesh, cabelo sem cortar, mantido muito limpo e considerado uma dádiva de Deus.

-Kangha, um pequeno pente de lã para manter o cabelo preso e agir como um lembrete para manter vidas bem organizadas.

-Kirpan, uma espada curta, com aproximadamente 15 cm de comprimento. Significa honra, dignidade, bravura e o dever sikh de defender o fraco e oprimido e se apegar à verdade. O kirpan nunca deve ser desembainhado com raiva, mas uma vez desembainhado não deve ser re-embainhado sem derramar sangue.

-O kara é um bracelete de aço usado no punho direito (a menos que quem o usa seja canhoto). O círculo do bracelete é um símbolo de Deus e unidade e o aço simboliza força e a luta pelo que é certo.

-Kachs são calções curtos amarrados com um cordão para permitir a facilidade de movimentos na batalha. Também simbolizam pureza e modéstia e são um lembrete da necessidade de permanecer fiel às suas esposas.

O símbolo mais largamente reconhecido do Sikhismo é o turbante usado pelos homens. Simboliza disciplina, integridade, humildade e espiritualidade e é uma parte obrigatória da fé sikh e não um costume social. O longo cabelo sem cortar é coberto por aproximadamente 4,5 m de tecido. Homens e mulheres cobrem suas cabeças em público como sinal de respeito pelos gurus e por Deus.

O templo dos sikhs é conhecido como Gurdwara (a porta do guru) e geralmente também é um centro comunitário que consiste de duas salas, uma para oração e a outra na qual o Guru Granth Sahib é mantido quando não está em uso na sala de oração. Os sikhs não têm um dia particular de devoção, mas existem serviços religiosos diariamente, oferecidos em geral várias vezes ao dia nos centros maiores. Uma Nishan Sahib (bandeira) amarela e azul flutua do lado de fora do gurdwara para indicar um local de hospitalidade. Ninguém pode entrar com tabaco, álcool ou drogas intoxicantes. Os adoradores deixam seus sapatos do lado de fora e respeitosamente cobrem suas cabeças ao entrar.

O Guru Granth geralmente está em exposição dentro do gurdwara e os adoradores se curvam no chão perante ele e fazem oferendas de alimento e dinheiro. A maioria dos homens e mulheres geralmente se sentam separadamente, mas é um requisito cultural e não religioso. Uma característica importante do serviço é a distribuição e compartilhamento de Kara parshad, uma mistura de semolina, açúcar e ghee. Essa mistura é abençoada quase no final do serviço ao ser mexida com o Kirpan, a pequena espada. Nos grandes gurdwaras, onde os serviços são oferecidos ao longo do dia, o Kara pashard é distribuído enquanto os adoradores entram ou saem do templo.

Compilação de várias fontes por Felipe Matus (com colaboração de Nina Thama)

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