- A religião dos Santos
Guerreiros
“Há somente um Deus, cujo nome e
verdadeiro criador, isento de temor e inimizade, imortal, não-nascido, autoexistente,
grande e generoso. O verdadeiro que estava no começo e estará no fim".
Os Sikhs são um grupo étnico
ariano do Norte da Índia, célebre pelo seu espírito guerreiro e sem regime de
castas. Foi fundado no século XV pelo guru Nanak e é baseado em seus
ensinamentos e nos de nove gurus sikh que se seguiram a ele. Considera-se como
o décimo primeiro Guru o livro sagrado Sri Guru Granth Sahib, “O Livro do
Senhor”, texto religioso central do siquismo. Toda linguagem usada no Sikhismo
vem do Punjabi. O sistema de escrita é o gurumukh, uma língua sagrada anterior
ao sânscrito.
O guru Nanak nasceu em uma
família hindu em uma época na qual os hindus e os muçulmanos se encontravam em
uma situação extrema de conflito. Sentiu-se compelido a formar a religião sikh
afirmando: "Não há hindu, não há muçulmano, então qual caminho seguirei?
Seguirei o caminho de Deus". O guru Nanak e aqueles que se seguiram a ele
rejeitaram o sistema de castas hindu e se empenharam muito para erradicá-lo de
seus modos de pensar. Como o sistema de castas foi em uma época identificável
pelo sobrenome, todos os homens sikhs usando o sobrenome Singh, que significa
leão, e as mulheres o sobrenome Kaur, que significa princesa.
Nove homens iluminados se
seguiram ao guru Nanak e juntos ficaram conhecidos como os dez gurus. A palavra
guru significa aquele que erradica a escuridão, professor, pessoa honrada,
religiosa ou santa. O Sikhismo acrescenta uma definição muito específica à
palavra guru - a descida de orientação divina para a humanidade por meio de dez
homens iluminados. A termos Sikhi significa discípulo, aprendiz. O estabelecimento
da religião sikh começou com o guru Nanak em 1469; o espírito divino foi
passado através de cada guru.
O Sikh Dharma foi estabelecido ao
longo de 239 anos, de 1469 a 1708, por dez Gurus cujo principal objetivo de
vida era promover o bem-estar ético e espiritual do ser humano. Eles ensinaram
a diferentes povos, não só na Índia, a viver com dignidade, liberdade e honra,
promovendo a igualdade entre os seres humanos sem discriminação.
Ao serem elevados à dignidade de
Guru, cada um reforçava a mensagem de seu antecessor e acrescentava algum valor
aos ensinamentos. O resultado disso é o legado que chamamos de Sikh Dharma.
O Sikhismo foi durante séculos
perseguido como minoria religiosa. Por conta desta perseguição, os Sikhs foram
historicamente treinados para autodefesa, e um dos símbolos da religião é
justamente a adaga.
Depois da morte do décimo guru,
Gobind Singh, em 1708, as escrituras sagradas sikh foram chamadas de Guru
Granth Sahib. O Granth foi compilado pelo quinto guru sikh, guru Arjan Dev ji.
Ele empreendeu a enorme tarefa de coletar, compilar e examinar os hinos e
composições do guru Nanak e seus predecessores. Decidiu incluir não apenas os
hinos dos gurus, mas também os de outros homens virtuosos, tanto muçulmanos
quanto hindus. Os siques consideram o Guru Granth Sahib um guia espiritual não
apenas para eles próprios, mas sim para toda a Humanidade; ele assim exerce um
papel central. Seu papel na vida devocional dos siques está baseada em dois
princípios fundamentais: que o texto é o Guru vivo e que todas as respostas
concernentes à religião e à moralidade podem ser encontradas nele.
O triângulo da fé:
A religião possui três pilares
que orientam a prática da doutrina, são eles: repetir o nome de deus, alcançar
o sustento com o próprio esforço e a praticar a caridade. Os fiéis também
acreditam na existência do karma. O sikhismo prega que os homens estão
separados de deus por serem egocêntricos, por isso ficam presos no ciclo
contínuo de nascimentos e mortes. Somente a recordação devotada do nome nam
simaram e a repetição do nome nam japam permitem a libertação do egocentrismo e
a união com Deus.
Ao contrário da maioria das
outras religiões, os vestem os cinco artigos de sua fé. Esses são conhecidos
como os cinco “K”.
-Kesh, cabelo sem cortar, mantido
muito limpo e considerado uma dádiva de Deus.
-Kangha, um pequeno pente de lã
para manter o cabelo preso e agir como um lembrete para manter vidas bem
organizadas.
-Kirpan, uma espada curta, com
aproximadamente 15 cm de comprimento. Significa honra, dignidade, bravura e o
dever sikh de defender o fraco e oprimido e se apegar à verdade. O kirpan nunca
deve ser desembainhado com raiva, mas uma vez desembainhado não deve ser re-embainhado
sem derramar sangue.
-O kara é um bracelete de aço
usado no punho direito (a menos que quem o usa seja canhoto). O círculo do
bracelete é um símbolo de Deus e unidade e o aço simboliza força e a luta pelo
que é certo.
-Kachs são calções curtos
amarrados com um cordão para permitir a facilidade de movimentos na batalha.
Também simbolizam pureza e modéstia e são um lembrete da necessidade de
permanecer fiel às suas esposas.
O símbolo mais largamente
reconhecido do Sikhismo é o turbante usado pelos homens. Simboliza disciplina,
integridade, humildade e espiritualidade e é uma parte obrigatória da fé sikh e
não um costume social. O longo cabelo sem cortar é coberto por aproximadamente
4,5 m de tecido. Homens e mulheres cobrem suas cabeças em público como sinal de
respeito pelos gurus e por Deus.
O templo dos sikhs é conhecido
como Gurdwara (a porta do guru) e geralmente também é um centro comunitário que
consiste de duas salas, uma para oração e a outra na qual o Guru Granth Sahib é
mantido quando não está em uso na sala de oração. Os sikhs não têm um dia
particular de devoção, mas existem serviços religiosos diariamente, oferecidos
em geral várias vezes ao dia nos centros maiores. Uma Nishan Sahib (bandeira)
amarela e azul flutua do lado de fora do gurdwara para indicar um local de
hospitalidade. Ninguém pode entrar com tabaco, álcool ou drogas intoxicantes.
Os adoradores deixam seus sapatos do lado de fora e respeitosamente cobrem suas
cabeças ao entrar.
O Guru Granth geralmente está em
exposição dentro do gurdwara e os adoradores se curvam no chão perante ele e
fazem oferendas de alimento e dinheiro. A maioria dos homens e mulheres
geralmente se sentam separadamente, mas é um requisito cultural e não
religioso. Uma característica importante do serviço é a distribuição e
compartilhamento de Kara parshad, uma mistura de semolina, açúcar e ghee. Essa
mistura é abençoada quase no final do serviço ao ser mexida com o Kirpan, a
pequena espada. Nos grandes gurdwaras, onde os serviços são oferecidos ao longo
do dia, o Kara pashard é distribuído enquanto os adoradores entram ou saem do
templo.
Compilação de várias fontes por Felipe
Matus (com colaboração de Nina Thama)
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