sexta-feira, 7 de junho de 2024
quinta-feira, 9 de maio de 2024
jurema rainha
A cidade é sua e a chave é minha.
Jurema Preta, Jurema Guerreira
Seus galhos defendem A Flor Verdadeira.
Um olho d'água coroado de Espinhos
Fecha minhas portas, Limpa meus caminhos.
A chuva cai e renasço novamente.
Folha seca cai e brota sua semente:
Sagrada morada, Bem na sua mente.
terça-feira, 16 de abril de 2024
quinta-feira, 11 de abril de 2024
terça-feira, 27 de fevereiro de 2024
Zaratustra
Conta que há muitos anos, em uma pequena vila onde hoje é o Irã, nasceu um menino destinado a trazer a alegria ao mundo. Por isso, ele quando nasceu não chorou, ao contrário, riu.
O xamã daquela tribo, temendo o final de seu domínio, disse aterrorizando os pais da criança: "Estamos em um mundo cruel e violento. De que esta criança está rindo? Ele está zombando de nossa dor, está debochando de nosso sofrimento".
Mandou então jogar o recém-nascido em uma fogueira, para que morresse consciente das mazelas do mundo. Mas, sem que ninguém conseguisse explicar, a criança sobreviveu sem nenhuma queimadura, brincando entre as brasas e as cinzas.
O feiticeiro exclamou: "Só pode ser uma criança demoníaca! Vamos deixá-la no caminho do gado para que seja pisoteada pela manada!" E assim fizeram, mas nenhum animal atropelou o menino, que ficou amigo dos animais.
"Vamos entregá-lo para loba que vive na caverna. Ela dará a essa criança seu destino: ser alimento de seus filhotes" - proclamou mais uma vez o xamã. Mas, também desta vez, a criança com sua mansidão e amor, conquistou os favores da loba, que a levou de volta aos braços de sua mãe, aflita com as provas impostas ao seu filho.
Quando procuraram o feiticeiro para que ele admitisse seu erro, não o encontraram. Aliás, nunca mais ele foi visto, desapareceu envergonhado de suas maldades.
E o pequeno Zaratustra cresceu e se tornou o avatar do Zoroastrismo e dos ensinamentos de seu livro sagrado, Zenda Avesta.
terça-feira, 26 de dezembro de 2023
A voz sem verbo
Vim da Luz de Deus
E a Ela estou retornando ...
Vi a voz sem verbo
e Ela está me chamando …
O Um de Todo em mim
me diz quem realmente sou
flor deste jardim
de passagem aqui Eu estou.
Pacificando os pensamentos
A alma reflete as estrelas
girando todo firmamento
em dança divina centelhas
Vivo vida a celebrar
A grandeza deste firmamento
Deixo Allah me leva lá
feliz mesmo com sofrimento
Dou Adeus aos meus amigos
Lembrando que nunca fui só
Volto a luz e levo amor
E o resto retorna ao pó.
Áudio
sábado, 16 de dezembro de 2023
Vipassana
O grande tesouro de sabedoria e espiritualidade do Budismo é a meditação Vipassana. A técnica foi elaborada por Sidarta Gautama, o 1º Buda, há 2.600 anos. Como foi a primeira meditação, ela está na raiz tanto das meditações zen quanto das meditações visuais e mântricas das escolas tibetanas.
Vipassana significa “insight”, ver as coisas como elas realmente são. É a observação da experiência da percepção direta. E o princípio subjacente é a investigação e entendimento dos fenômenos manifestados nos cinco agregados: o apego à forma física, às sensações ou sentimentos, à percepção, às formações mentais e à consciência. Ou seja: tornarmo-nos conscientes das sensações do corpo; dos afetos individuais; da sintaxe da percepção; dos padrões coletivos de cognição do pensamento; e, finalmente, conscientes de nossa própria consciência, da consciência do contexto de enunciação da própria consciência. A técnica tradicional é dividida em duas etapas: Anapana, em que apenas concentra atenção em um ponto específico do corpo (o mais comum é a entrada e a saída de ar das narinas); e Vipassana propriamente dita, que consiste em movimentar a atenção pelo corpo no sentido ascendendo e descendente, como um scanner. Não há mantras, visualizações ou respiração específica, mas sim a observação da respiração (esteja ela profunda ou rápida).
A meditação Vipassana foca a interconexão entre mente e corpo, a qual pode ser experimentada diretamente por meio da atenção disciplinada às sensações físicas. Essa técnica de meditação, utilizada por dez dias consecutivos dentro do nobre silêncio e de uma dieta vegetariana de baixa caloria, leva a observação da mente pela consciência como algo objetivo, externo à percepção.
Em outras técnicas, há uma expansão da consciência que extrapola os limites do ego, mas essa permanece dentro da mente. A consciência em estado de percepção ampliada acessa níveis profundos do inconsciente, mas permanece dentro dos limites da estrutura mental. O que acontece com a técnica Vipassana é diferente: através da focalização da atenção na respiração (fronteira sensorial entre o intencional e o involuntário), acessam-se os padrões profundos do inconsciente, vistos pelo lado de fora.
É a fala que organiza a memória com sua narrativa. Com ‘o nobre silêncio’, há um aumento da memória e sua reorganização fora dos padrões discursivos. Não apenas lembramo-nos de mais coisas, como também a forma como nos recordamos dos eventos não é tão ego-centrada. Com silêncio, a memória não funciona mais por lembranças discursivas, mas sim por recordações visuais.
As sensações de dor e sofrimento emocional devido às restrições perceptivas do enorme esforço cognitivo voltado para atenção sobre o corpo e a respiração fazem emergir desejos de aversão e as sensações de bem estar corporal fazem emergir desejos de cobiça (não só sexuais, mas de repetição de situações prazerosas).
Quando temos experiências ruins, desejamos não repeti-las e surge a aversão; quando temos experiências boas, desejamos repeti-las e então surge a cobiça. Normalmente, em outras técnicas ou terapias com foco sensorial, esses desejos de repetir experiências prazerosas são vistos como positivos, mas quando vistos objetivamente na Vipassana, eles se mostram obsessões neuróticas tão nefastas quanto às aversões inconscientes que nos impedem de aceitar a vida.
Aliás, esse é um ponto importante em dois aspectos. Primeiro: o Budismo prescreve a ‘equanimidade’ ou a capacidade de entender o lado positivo das experiências ruins e o lado negativo das experiências boas, mas esse equilíbrio só pode ser desenvolvido na prática através da técnica da Vipassana.
A prática da meditação Vipassana traz toda a hermenêutica budista embutida em si. A ideia de não-reação, por exemplo, perpassa toda a doutrina budista; e na Vipassana não se deve reagir nem às dores, nem às outras sensações, sentimentos ou percepções – apenas observar.
A meditação treina na prática seu praticante na noção aceitação budista. E o mais importante: o Budismo é a única hermenêutica religiosa que compreende (ou que deseja compreender) criticamente as experiências psicológicas positivas e, principalmente, que prescreve a suspeita em relação à transcendência.