Certa vez a deusa Inanna decidiu fazer uma visita a Enki , o deus da sabedoria, que morava no Abzu , o céu dos deuses sumérios. Enki conhecia as leis do céu e da terra, o coração dos deuses, assim como todas as coisas. Inanna tinha como propósito honrá-lo e lhe proclamou uma oração.
Enki mandou preparar bolo, água fresca e cerveja. Mas os dois se embebedaram no encontro, perdendo a medida do que estavam fazendo. O deus da sabedoria acabou perdendo sua sabedoria, enfeitiçado com os encantos de Inanna , e foi, cálice a cálice, revelando os mistérios para deusa. Ao final, o deus diz para Inanna conquistar o poder sobre os três domínios, deve descer aos infernos e voltar, e, portanto conhecer a realidade da vida e da morte.
- É o trânsito entre o mundo inferior e superior, entre a vida e a morte, entre o céu e a terra, entre o homem e a mulher que nos leva à grande Verdade.
Inanna era a Rainha do Céu e da Terra, mas não sabia nada do submundo e sua missão agora é desvendar seus segredos. Havia sete portais que Inanna deveria cruzar rumo ao seu objetivo final. Em cada uma destas portas se vê despojada de seus instrumentos de poder, desde sua coroa até suas vestes. No sétimo e último portal, totalmente nua, Inanna encontra-se com Ereshkigal , sua irmã gêmea e rival. Cada elemento abandonado por Inanna em cada portal tem um significado. A coroa, por exemplo, representa o poder intelectual. Suas jóias e adornos simbolizavam seu poder material. As vestes reais seriam as defesas da personalidade, uma das formas de proteção contra tudo e todos. Totalmente nua, seria a única forma com que Inanna poderia se relacionar com sua sombra. Neste estado vulnerável, a deusa enfrenta sua irmã, é presa e crucificada num poste do mundo inferior. Como iniciada, ela se rende corajosamente ao próprio sacrifício, para ganhar nova força e conhecimento. Como a semente que morre para renascer, a deusa se submete. Sozinha e na escuridão, Inanna oferece-se em sacrifício, testemunha a morte das forças férteis e traz a si mesma como semente. Mas a aceitação de sua vulnerabilidade, a descoberta da necessidade do sacrifício e da transformação para que os ciclos da vida se perpetuem, na verdade aumentaram o poder de Inanna , assim como sua compreensão e beleza.
Ao terceiro dia, devido à interferência de seu amigo Enki , a deusa Inanna ressuscita dos mortos e retorna pelos sete portais do inferno, pegando de volta seus pertences. Entretanto, ela retorna à vida reintegrando sua sombra Ereshkigal , com um aspecto demoníaco, os "olhos de morte" para escolher os que devem ser levados aos seus domínios infernais.
Descobre então, que seu marido Damuzzi , em sua ausência usurpara-lhe o lugar no trono do céu. Ficou colérica e permitindo que os demônios lhe prendessem e o levassem. Depois sentiu pena dele e o libertou. No entanto, apenas durante uma parte do ano. Assim, durante o outono e inverno, Damuzzi permanece no inferno e as colheitas não se reproduzem, enquanto que na primavera e verão, ele sai da terra para participar do reino de cima e a colheita é farta.
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