A importância pessoal é um dos temas de maior importância no caminho de evolução proposto pelos antigos toltecas Eles se auto-identificaram como "feiticeiros do México antigo", mas como sabemos, são buscadores sofisticadíssimos dos segredos da percepção humana com o objetivo prático de se libertar de suas amarras e permitir ao praticante trilhar o "caminho da liberdade total".
A prática de "abandonar o senso de auto-importância”, ao lado de outras abaixo, é uma condição sem a qual não se pode progredir no caminho do guerreiro.
A prática de Tensegridade redistribui e portanto fornece energia ao praticante, mas para que?
Se não aplicarmos essa energia obtida na prática dos Passes Mágicos, incansavelmente, nessas outras tarefas destinadas a nos modificar, corremos o risco de nos transformarmos em seres fortes, porém mais auto-importantes ainda, pelo simples fato de sermos fortes.
Não se entra em nenhum céu, nirvana, satori, ou em qualquer estado superior de consciência conservando o jeito interior que nós adquirimos a partir do consenso social. Todas as tradições indistintamente falam em mudar, acordar, transformar-se, renascer...
A nossa sugestão como guerreiros que somos é tomarmos essas práticas e começarmos a desenvolver exercícios concretos, diários, e então impecavelmente nos espreitarmos nessa luta diária conosco mesmos. É disso que trata a obra de Castaneda dentro da linhagem dos toltecas do antigo México.:
Vamos nos perguntar:
- Tomei consciência de que eu preciso mudar? Estou praticando todo o dia? Estou fazendo a partir da minha vontade, do meu umbigo? Estou fugindo? Disfarçando? Justificando? Estou me avaliando regularmente no meu “Diário de Navegação”? Estou me colocando pacientemente no “agora”, que é o único lugar do guerreiro?
Essas práticas podem e devem ser acompanhadas pacientemente pelo guerreiro. Como técnica de espreita, pode-se tentar formular exercícios simples para cada prática listada abaixo.
Elas mobilizam nossos três principais centros:
1- abandonar o senso de auto-importância
2- a recapitulação
3 - reorganizar a sua vida
4 - apagar a história pessoal
5 - quebrar as rotinas e hábitos
6 - assumir a responsabilidade pelos seus atos
7 - usar a morte como conselheira
8 - o não-fazer
9 - a respiração
10 – relaxamento
· Apesar de sua tremenda pomposidade, ele me fascinou desde o princípio. Sua importância pessoal era tão óbvia que, passados os primeiros cinco minutos de aula, deixava de ser problema, pois eram sempre mostras retumbantes de conhecimento, baseadas nas asserções mais descaradas de si mesmo. Seu domínio sobre a audiência era estupendo. Todos os estudantes com quem falei sentiam uma enorme admiração por esse homem extraordinário. Sinceramente, pensei que tudo ia muito bem, e que a mudança para outra universidade e para outra cidade ia ser fácil e inócua, porém totalmente positiva. Gostei muito do novo ambiente.
O Lado Ativo do Infinito- pág. 106
· Dom Juan explicou que depois que o guerreiro conquista os sonhos e viu e cria um sósia, também deve ter conseguido apagar a história pessoal, a auto-importância e as rotinas. Disse que todas as técnicas que ele me ensinou e que eu considerava conversa fiada eram, em essência, meios de possibilitar ter um sósia no mundo comum, tornando o ser e o mundo fluidos, e colocando-os fora dos limites das previsões.
Porta para o Infinito- pág. 47
· Você se leva a sério demais - disse ele, devagar. – É muito importante, na sua concepção. Isso tem de mudar! Considera-se tão importante que acha que tem razão para se aborrecer com qualquer coisa. É tão importante que pode ir embora, se as coisas não lhe agradam. Imagino que você pense que isso demonstra força de caráter. Isso é besteira! Você é fraco e convencido!
Tentei protestar, mas ele não deu atenção. Mostrou-me que em minha vida eu nunca chegara a terminar nada por causa daquela idéia despropositada de importância que eu dava a mim mesmo.
Eu estava assombrado diante da certeza com que ele dizia as coisas. Era verdade, é claro, e isso me deixava não só zangado, mas também ameaçado.
- A importância própria é outra coisa que tem de ser abandonada, assim como a história pessoal - explicou, num tom teatral.
Eu certamente não queria discutir com ele. Era óbvio que eu levava uma desvantagem tremenda; ele não ia voltar para casa até estar disposto a isso, e eu não sabia o caminho. Tinha de ficar com ele.
Viagem a Ixtlan – pág, 36
· Agora, estamos tratando de perder a importância própria. Enquanto você achar que é a coisa mais importante do mundo, não pode apreciar realmente o universo em volta de si e como um cavalo com antolhos, só o que vê é você separado de tudo o mais. - Examinou-me por um momento. - Vou falar com minha amiguinha aqui - disse ele, apontando para uma plantinha.
Ajoelhou-se em frente dela e começou a acariciá-la e a falar-lhe. A princípio não entendia o que ele estava dizendo, mas depois ele trocou de língua e começou a falar com a planta em espanhol. Falou umas banalidades, e depois levantou-se.
- Não importa o que você diz para a planta - falou. – Pode também inventar as palavras; o que é importante é o sentimento de gostar dela, de tratá-la como igual.
Explicou que um homem que colhe plantas tem de desculpar-se todas as vezes que as apanha e deve garantir-lhes que um dia seu próprio corpo servirá de alimento para elas.
- Assim, no final, as plantas e nós ajustamos as contas disse ele. - Nem nós nem elas são mais ou menos importantes.
- Vamos, fale com a plantinha - insistiu. - Diga-lhe que não se sente mais importante.
Cheguei a me ajoelhar diante da planta, mas não consegui forçar-me a falar com ela. Senti-me ridículo e ri. Mas não estava zangado.
Viagem a Ixtlan – pág. 37
· Explicou que a fim de ajudar a apagar a história pessoal eram ensinadas mais três técnicas. Eram elas: perder a importância própria, assumir a responsabilidade e usar a morte como conselheira. A idéia era que, sem o efeito benéfico dessas três técnicas, apagar a história pessoal envolveria o aprendiz em ser furtivo, evasivo e desnecessariamente vacilante quanto a si e seus atos.
Porta para o Infinito – pág. 213
· Fomos para o chaparral do deserto seguindo uma direção sul. Falou repetidamente enquanto andávamos que eu tinha de estar ciente da inutilidade de minha importância própria e de minha história pessoal.
- Seus amigos - disse ele, virando-se para mim de repente.
- Aqueles que o conhecem há muito tempo, você tem de abandoná-las rapidamente.
Achei que ele estava maluco e que sua insistência era idiota, mas não disse nada. Olhou bem para mim e começou a rir.
Viagem a Ixtlan – pág. 40
· Eu nunca vira Nestor tão jovial. Nas poucas ocasiões em que estivera com ele, no passado, ele me dera a impressão de ser um homem de meia-idade. Mas vendo-o ali sentado com seus dentes tortos, fiquei assombrado com sua aparência jovem. Parecia um rapazinho de seus 20 e poucos anos. Mais uma vez, Pablito leu meus pensamentos com perfeição.
- Ele está perdendo sua auto-importância. - disse ele. - É por isso que parece mais moço.
Porta para o Infinito- pág. 194
· Esperamos em frente da loja cerca de meia hora. Dom Juan parecia estar ficando impaciente e me pediu para entrar e dizer a eles que se apressassem. Eu entrei. Não era um lugar grande e não havia porta no fundo, entretanto eles não estavam à vista. Perguntei aos empregados mas eles não souberem dizer nada.
Fui até Dom Juan e exigi saber o que tinha acontecido. Ele disse que ou eles tinham desaparecido no ar ou tinham se esgueirado para fora enquanto ele estava estalando minhas costas.
Disse com raiva que a maioria das pessoas era trapaceira. Ele riu até as lágrimas rolarem do seu rosto. Disse que eu era o trouxa ideal. Minha auto-importância fazia de mim um assunto divertido. Ele ria tanto da minha irritação que teve de se encostar numa parede.
Presente da Águia - pág. 167
· Falou que seu benfeitor tinha concedido tempo e cuidado especiais para ele e seus guerreiros em relação a tudo que pertencia ao aperfeiçoamento da arte de espreitar. Usava técnicas complexas para criar um contexto apropriado para uma contrapartida entre os ditames do regulamento e o comportamento dos guerreiros no seu mundo diário, quando eles interagiam com as pessoas. Acreditava ser essa a forma de convencê-los de que, na ausência da auto-importância, o único modo de um guerreiro lidar com o meio social era em termos de loucura controlada.
Ao longo do desenvolvimento de suas técnicas, o benfeitor de Dom Juan lançava as ações das pessoas e as ações dos guerreiros contra as exigências do regulamento, e então se retirava e deixava o drama natural se desenrolar por si próprio. A loucura das pessoas tomava a frente por algum tempo e arrastava os guerreiros consigo, como parece ser o curso natural das coisas, e só se recompunha no final, com os desígnios mais abrangentes do regulamento.
Presente da Águia - pág. 171
· "A arrogância de Celestino foi sua grande falha e o início da minha instrução e libertação. Sua auto-importância, como a minha. nos forçava a acreditar que estávamos praticamente acima de todos. A curandeira nos trouxe à realidade do que éramos - nada.
"O primeiro preceito do regulamento é que tudo que nos rodeia é de um mistério insondável.
"O segundo preceito é que devemos tentar desvendar esses mistérios, mas sem esperar jamais conseguir isso.
"O terceiro, é que um guerreiro, ciente dos mistérios insondáveis que o cercam e ciente do seu dever de tentar desvendá-los, ocupa seu lugar certo entre os mistérios e vê a si mesmo como um deles. Conseqüentemente, para um guerreiro o mistério de ser não tem fim, seja ser uma pedra, uma formiga ou ele próprio. Essa é a humildade de um guerreiro. Uma pessoa é igual a tudo.
Presente da Águia - pág. 222
· Ela declarou que essas eram as preliminares essenciais da espreita que todos os membros do seu grupo tinham passado como introdução a exercícios mais apurados da arte. Sem fazer os exercícios preliminares para recuperar os filamentos deixados no mundo, e particularmente para desprezar os que os outros deixaram neles, não há possibilidade de manipular a loucura controlada, pois esses filamentos estranhos são a base da capacidade ilimitada de auto-importância de uma pessoa. Para exercitar a loucura controlada, já que ela não visa a enganar ou punir as pessoas ou se sentir superior a elas, tem-se de ser capaz de rir de si próprio. Florinda disse que um dos resultados de uma recapitulação detalhada é a graça de se ver face a face com a repetição monótona da auto-estima de alguém, que está no cerne de toda a interação humana.
Presente da Águia - pág. 229
· Disse que seu benfeitor considerava as três técnicas básicas da espreita - o engradado, a lista de acontecimentos a serem recapitulados, e a respiração do espreitador - como sendo as tarefas talvez mais importantes de um guerreiro. Ele achava que uma recapitulação profunda era o meio mais eficiente para se perder a forma humana. Portanto, seria fácil para os espreitadores, depois de recapitularem suas vidas, fazer uso de todos os não fazeres do seu eu, tais como apagar sua história pessoal, perder a auto-importância, quebrar as rotinas, e assim por diante.
Informou que seu benfeitor deu a todos eles exemplos do que queria dizer, primeiro demonstrando suas premissas, e depois expondo os princípios do guerreiro nas suas ações. No seu caso, como ele era um mestre na arte de espreitar, engendrou o plano da sua doença e sua cura, que não só foi coerente com o método do guerreiro mas também foi uma introdução magistral aos sete princípios da arte de espreitar. Primeiro atraiu Florinda a seu próprio campo de batalha, onde ela ficou à sua mercê; forçou-a a descartar-se do que não fosse essencial; ensinou-lhe a colocar sua vida nos eixos, através de uma decisão; ensinou-lhe a relaxar; fez com que ela desenvolvesse um espírito diferente de otimismo e autoconfiança para que pudesse reorganizar seus recursos; ensinou-lhe a condensar o tempo; e finalmente mostrou-lhe que um espreitador nunca se põe à frente das coisas.
Presente da Águia - pág. 230
· "Nunca encontrei um motivo para suas brincadeiras. Para mim o nagual Elias era como uma lufada de ar fresco. Explicava tudo para mim com paciência. De modo semelhante ao qual uso para explicar as coisas para você, mas talvez com um certo algo mais. Não o chamaria de compaixão, mas antes, empatia. Os guerreiros são incapazes de sentir compaixão porque não mais sentem pena de si mesmos. Sem a força propulsora da autopiedade, a compaixão não tem significado."
- Está dizendo que um guerreiro é todo por si mesmo? - De certo modo, sim. Para um guerreiro tudo começa e termina consigo mesmo. Entretanto o seu contato com o abstrato faz com que supere seu sentimento de auto-importância. Então o eu torna-se abstrato e impessoal.
O Poder do Silêncio - pág. 49·
- Você pode acreditar no que quiser - Dom Juan respondeu impávido. - O fato é que sem o Nagual não há jogo. Sei disso, e é o que digo. O mesmo fizeram todos os naguais que vieram antes de mim. Mas eles não o dizem do ponto de vista da auto-importância, nem eu. Dizer que não existe caminho sem o Nagual refere-se totalmente ao fato de que o homem é um Nagual porque pode refletir o abstrato, o espírito, melhor do que os outros. Mas isso é tudo. Nosso elo é com o próprio espírito, e apenas incidentalmente com o homem que nos traz sua mensagem.
Eu aprendi a confiar implicitamente em Dom Juan como o Nagual, e isso, como ele afirmara, trouxe-me uma imensa sensação de alívio, e uma capacidade maior de aceitar o que ele lutava para me ensinar.
A Arte do Sonhar - pág. 25
· Dom Juan meramente zombava de mim, chamando-me de egomaníaco disfarçado, que professava estar lutando contra a auto-importância e mesmo assim mantinha um diário meticuloso e superpessoal chamado de "Meus Sonhos".
Sempre que tinha oportunidade Dom Juan afirmava que a energia necessária para liberar a atenção sonhadora de sua prisão socializante vinha de redistribuir nossa energia existente. Nada poderia ser mais verdadeiro. O surgimento da atenção sonhadora é um corolário direto da remodelação de nossas vidas. Já que, como disse Dom Juan, não temos como buscar uma fonte externa para reforçar nossa energia, devemos redistribuir nossa energia existente através de qualquer meio disponível.
Dom Juan insistia em que o caminho dos feiticeiros era o melhor jeito de lubrificar, por assim dizer, as engrenagens da redistribuição da energia, e que de todos os itens do caminho dos feiticeiros o mais eficaz é "perder a auto-importância" . Ele estava totalmente convencido de que isso é indispensável para tudo que os feiticeiros fazem, e por isso fazia um esforço enorme em guiar todos os seus alunos a cumprir essa exigência. Era de opinião que a auto-importância não é apenas o inimigo supremo dos feiticeiros, mas a nêmesis da humanidade.
O argumento de Dom Juan era que a maior parte de nossa energia vai para o sustento de nossa importância. Isso fica mais óbvio em nossa infinita preocupação com a apresentação do Eu; com o fato de sermos ou não admirados ou amados ou reconhecidos. Ele dizia que, se formos capazes de perder parte dessa importância, duas coisas extraordinárias nos aconteceriam. Uma, libertaríamos nossa energia da tentativa de manter a idéia ilusória de grandeza; e duas, daríamos a nós mesmos energia suficiente para entrar na segunda atenção e vislumbrar a grandeza real do universo.
A Arte do Sonhar - pág. 53
· É aí que os feiticeiros modernos pegam a outra estrada. Eles preferem o que está fora do domínio humano. E o que está fora do domínio humano são todos os mundos, não apenas a esfera dos pássaros, dos animais ou dos homens, ainda que seja de um homem desconhecido. Estou falando de mundos como esse em que vivemos; mundos totais com incontáveis esferas.
- Onde ficam esses mundos, Dom Juan? Em posicionamentos diferentes do ponto de aglutinação?
- Certo. Em posicionamentos diferentes do ponto de aglutinação, mas posicionamentos aos quais os feiticeiros chegam com um movimento do ponto de aglutinação, não com um deslocamento. Entrar nesses mundos é o tipo de sonhar que apenas os feiticeiros de hoje em dia fazem. Os feiticeiros antigos ficaram longe dele, porque é necessário um grande desprendimento e nenhuma auto-importância. Um preço que eles não podiam se dar ao luxo de pagar.
A Arte do Sonhar - pág. 97
· Comentário sobre Viagem a Ixtlan
Na época em que eu estava escrevendo Viagem a Ixtlan, um clima muito misterioso me envolvia totalmente. Dom Juan Matus estava empregando algumas medidas extremamente pragmáticas à minha conduta diária. Ele havia delineado alguns passos para a ação e desejava que eu os seguisse rigorosamente. Havia me dado três tarefas que tinham somente a mais vaga referência ao mundo da minha vida cotidiana, ou a qualquer outro mundo. Ele queria que eu me esforçasse, no meu mundo cotidiano, em apagar a minha história pessoal através de qualquer meio concebível. Em seguida, ele queria que eu interrompesse minha rotina, e, finalmente, queria que eu abandonasse meu senso de auto-importância.
- Como é que vou fazer tudo isso, Dom Juan? - perguntei-lhe.
- Não tenho idéia - ele respondeu. - Nenhum de nós tem idéia de como fazê-lo, pragmática e efetivamente. Mesmo assim, se começamos o trabalho, acabamos realizando-o, sem jamais saber o que veio em nosso auxílio.
A dificuldade que você encontra é a mesma que eu próprio encontrei - ele continuou. - Garanto a você que nossa dificuldade nasce da ausência total, em nossas vidas, da idéia de que o mundo nos instiga a mudar. Ao mesmo tempo que meu mestre me deu essa tarefa, tudo de que eu precisava para realizá-la era da idéia de que isso podia ser feito. Uma vez tendo essa idéia, eu a realizei sem saber como. Recomendo que você faça o mesmo.
A Roda do Tempo - pág. 115
· Dom Juan estava certo. Tudo de que eu precisava, ou melhor, tudo de que uma parte misteriosa e oculta de mim precisava era da idéia. O "eu" que eu havia conhecido por toda minha vida precisava infinitamente de mais do que de uma idéia. Precisava de instrução, de estímulo, de direção. Fiquei tão intrigado por meu sucesso que as tarefas de apagar minhas rotinas, perder minha auto-importância e abandonar minha história pessoal tornaram-se um puro prazer.
A Roda do Tempo - pág. 116
· Para ajudar seu aprendiz a apagar a história pessoal, o guerreiro como mestre ensina três técnicas: perder a auto-importância, assumir a responsabilidade pelos próprios atos e usar a morte como conselheira. Sem o benefício dessas três técnicas, apagar a história pessoal o levaria a ser furtivo, evasivo e desnecessariamente dúbio sobre si mesmo e suas próprias ações.
A Roda do Tempo - pág. 159
· A auto-importância é o maior inimigo do homem. O que o enfraquece é sentir-se ofendido pelos atos e omissões de seus semelhantes. A auto-importância exige que se passe a maior parte da vida ofendido por alguma coisa
A Roda do Tempo - pág. 240
· O impulso do caminho do guerreiro é para derrubar a auto-importância. E tudo o que os guerreiros fazem é no sentido de alcançar essa meta.
A Roda do Tempo - pág. 290
· Os xamãs arrancaram a máscara da auto-importância e descobriram que ela é a auto-piedade disfarçada em outra coisa.
A Roda do Tempo - pág. 291
· "Os feiticeiros de antigamente, que nos deram o formato inteiro da feitiçaria, acreditavam que há tristeza no universo, como uma força, uma condição, uma luz, como intento, e que essa força perene age especialmente nos feiticeiros porque eles não possuem mais qualquer escudo protetor. Não podem se esconder atrás dos seus amigos ou dos seus estudos. Não podem se esconder atrás do amor, do ódio, da felicidade ou da miséria. Não podem se esconder atrás de nada.
"A condição dos feiticeiros - Dom Juan continuou - é que a tristeza para eles é abstrata. Não vem de cobiçar algo ou pela falta de algo, ou de auto-importância. Não vem do eu. Vem do infinito. A tristeza que você sente por não ter agradecido a seu amigo já tende para essa direção.
O Lado Ativo do Infinito- pág. 129
· - O que foi errado - disse Dom Juan - foi que vocês três eram egomaníacos perdidos. A auto-importância quase destruiu vocês. Se não tivessem auto-importância, teriam somente sentimentos.
"Só para me alegrar faça o seguinte exercício, simples e direto, que significa muito para mim: remova da memória que tem dessas duas garotas todas as afirmações que você faz para você mesmo do tipo: Ela me disse isso ou aquilo, ela gritou, e a outra gritou para MIM!', e permaneça no nível dos seus sentimentos. Se você não tivesse tanta auto-importância, o que teria ficado, como o resíduo irredutível?"
- Meu amor incondicional por elas - disse eu quase me engasgando.- E hoje é menor do que era antes? - Dom Juan perguntou.
- Não, não é, Dom Juan - disse sinceramente e senti a mesma ponta de angústia que permanecera em mim durante anos.
- Desta vez, abrace-as a partir do seu silêncio - disse ele.
- Não seja um idiota mesquinho. Abrace-as totalmente, pela última vez. Mas com o intento de ser a última vez na Terra. Intente isso a partir da sua escuridão. Se você vale quanto pesa quando der o seu presente para elas, vai resumir sua vida inteira duas vezes. Atos dessa natureza tornam os guerreiros leves, quase vaporosos.
O Lado Ativo do Infinito- pág. 167
· Dom Juan era, na minha opinião, um ser que vivia sua vida profissionalmente, em cada aspecto da palavra, o que significa que cada um de seus atos contava, não importando quão insignificante fosse. Eu estava cercado por pessoas que acreditavam que eram seres imortais, que se contradiziam a cada passo do caminho; eram seres cujas ações nunca poderiam ser justificadas. Era um jogo injusto; as cartas eram jogadas contra as pessoas que eu encontrava. Estava acostumado com o comportamento inalterável de Dom Juan, com a sua total falta de auto-importância, e o incomensurável alcance de seu intelecto; muito poucas pessoas que eu conhecia estavam mesmo conscientes de que existia um outro padrão de comportamento que fomentasse essas qualidades. A maioria delas só conhecia o padrão de comportamento da auto-reflexão, que torna o homem fraco e deformado.
O Lado Ativo do Infinito- pág. 247
· Neste ponto da conversa, Carlos fez um intervalo para responder algumas perguntas e aproveitou para nos contar diversas histórias exemplares sobre como a auto-importância deforma os seres humanos, transformando-os em couraças rígidas diante das quais um guerreiro não sabe se ri ou chora.
"Depois de estudar durante alguns anos com Don Juan, eu me senti tão perplexo com suas práticas que fui embora durante algum tempo. Não podia aceitar o que ele e meu benfeitor me faziam. Parecia desumano, desnecessário e ansiava por um tratamento mais doce. Eu aproveitei para visitar diversos guias espirituais do mundo inteiro a fim de achar nas doutrinas deles algum ensino que justificasse minha deserção.
"Em certa ocasião conheci um guru californiano que se achava grande coisa. Ele me admitiu como seu discípulo e me deu a tarefa de pedir esmolas em uma praça pública. Considerando que era uma experiência nova para mim e que provavelmente tiraria uma lição importante de tudo isso, eu me encorajei e cumpri com o proposto. Quando voltei para vê-lo, disse a ele: 'agora faça isso você! '. Ele ficou furioso comigo e me expulsou da turma.”
Encontros com o Nagual – pág. 32
· Em outra ocasião, Carlos nos falou que o demônio da auto-importância não afeta somente aqueles que se acreditam mestres, mas que é um problema geral. Um dos seus estandartes mais firmes é a aparência pessoal.
"Esse era um ponto pelo qual eu sempre me senti incomodado. Don Juan costumava atiçar meu ressentimento zombando de minha estatura. Ele me dizia: 'Quanto mais baixinho, mais egomaníaco! Você é pequeno e ruim como um percevejo; não pode fazer outra coisa senão ser famoso, porque do contrário você não existe!' Afirmava que o mero fato de me ver lhe dava vontade de vomitar, pelo que estava infinitamente agradecido comigo: 'cada vez que você vem eu me renovo!'
"Eu me ofendia com seus comentários, porque tinha a certeza de que exagerava meus defeitos. Mas um dia eu entrei em uma loja de LosAngeles e pude entender que ele tinha toda a razão. Ouvi um indivíduo que dizia ao meu lado: 'Shorty!' (pequeno). Eu me senti tão irritado que, sem pensar duas vezes, virei e lhe dei um forte soco na cara. Depois eu soube que o homem não tinha dito isso para mim, mas porque tinha recebido um troco menor.
Encontros com o Nagual – pág 33
· Carlos continuou explicando que a auto-importância se alimenta da mesma classe de energia que nos permite "ensonhar". Portanto, perdê-la é a condição básica do nagualismo, porque libera para nosso uso um excedente de energia; também, porque sem essa precaução, o caminho do guerreiro poderia nos converter em umas aberrações.
"Isso é o que aconteceu a muitos aprendizes. Eles começaram bem, acumulando sua energia e desenvolvendo suas potencialidades. Mas eles não perceberam que, à medida em que conseguiam poder, eles também nutriam em seu interior um parasita. Se nós vamos ceder às pressões do ego, é preferível que o façamos como homens comuns e normais, porque um bruxo que se considera importante é a coisa mais triste que há.
Encontros com o Nagual - pág35
· Mas naquela tarde ela estava muito agitada. Alguns dos aprendizes tentaram acalmá-la e isso a enfureceu ainda mais. Eu não podia fazer nada. A situação havia sobrepujado meu poder. Depois de um esforço brutal e nada impecável, acometeu-a uma embolia cerebral e caiu morta. O que a matou foi sua egomania".
Como moral desta história estranha, Carlos acrescentou que um guerreiro nunca se deixa levar até a loucura, porque morrer de um ataque de ego é o modo mais estúpido para se morrer.
"A importância pessoal é homicida, trunca o livre fluxo da energia e isso é fatal. Ela é a responsável pelo nosso fim como indivíduos e chegará o dia em que nos elimine como espécie. Quando um guerreiro aprende a deixar sua auto-importância de lado, seu espírito se abre, jubiloso, como um animal selvagem que é liberado de sua jaula e posto em liberdade.
"A importância pessoal se pode combater de diversos modos, mas primeiro é necessário saber que está aí. Se você tem um defeito e o reconhece, já é meio caminho andado!
Encontros com o Nagual - pág37
· "Uma vez que vocês tenham dissecado seus sentimentos, devem aprender como canalizar seus esforços mais além da faixa do interesse humano, até o lugar da não piedade. Para os videntes, esse lugar é uma área de nossa luminosidade tão funcional como é a área da racional idade. Nós podemos aprender a avaliar o mundo de um ponto de vista desapegado, da mesma maneira que nós aprendemos, quando crianças, a avaliá-lo a partir da razão. Só que o desapego, como ponto de enfoque da atenção, está muito mais próximo da realidade energética das coisas.
"Sem essa precaução, a convulsão emocional resultante do exercício de espreitar a nossa auto-importância pode ser tão dolorosa que o aprendiz pode ficar louco ou ser levado ao suicídio. Quando ele aprender a contemplar o mundo a partir da não compaixão, intuindo que por trás de toda a situação que implique um desgaste energético há um universo impessoal, o aprendiz deixa de ser um nó de sentimentos e se torna um ser fluido.
Encontros com o Nagual - pág39
· Como preâmbulo, afirmou que o papel relevante que nos concedemos a nós mesmos em cada uma das coisas que fazemos, dizemos ou pensamos, consiste numa espécie de "dissonância cognitiva" que nubla nossos sentidos e nos impede de ver as coisas clara e objetivamente.
"Somos como pássaros atrofiados. Nascemos com todo o necessário para voar, porém, estamos permanentemente obrigados a dar voltas em torno de nosso ego. A corrente que nos aprisiona é a importância pessoal.”
"O caminho para converter um ser humano normal num guerreiro é muito árduo. Sempre intervém nossa sensação de estar no centro de tudo, de sermos necessários e termos a última palavra. Nós nos sentimos importantes. E quando a pessoa é importante, qualquer intento de mudança se converte em um processo lento, complicado e doloroso.”
Encontros com o Nagual - pág32
· "Quando uma criança se torna um ser social, ela adquire uma falsa convicção de sua própria importância. E aquilo que no princípio era um sentimento saudável de autopreservação, acaba se transformando em uma exigência ególatra por atenção.”
"De todos os presentes que recebemos, a importância pessoal é o mais cruel. Converte uma criatura mágica e cheia de vida em um pobre diabo arrogante e sem graça".
Encontros com o Nagual - pág32
· "Ao observar as manhas da importância pessoal e o modo homogêneo com que contamina todo o mundo, os videntes dividiram aos seres humanos em três categorias, para as quais don Juan pôs os nomes mais ridículos que pôde achar: os mijos, os peidos e os vômitos. Todos nós nos ajustamos em um deles.
Encontros com o Nagual - pág34
· "Considerem que a importância pessoal é traiçoeira; pode se disfarçar debaixo de uma fachada de humildade quase impecável porque não tem pressa. Depois de uma vida inteira de práticas, basta um mínimo descuido, um pequeno deslize e ali está ela, novamente, como um vírus que foi incubado em silêncio ou como essas rãs que esperam durante anos debaixo da areia do deserto e com as primeiras gotas de chuva despertam de sua letargia e se reproduzem.
"Tendo em conta sua natureza, é o dever de um benfeitor esporear a importância do aprendiz até que esta exploda. Não pode ter piedade. O guerreiro deve aprender a ser humilde pelo caminho mais árduo ou não terá a menor oportunidade frente aos dardos do desconhecido.
Encontros com o Nagual - pág36
· "Assim, antes de mais nada, dêem-se conta disso. Peguem uma cartolina e escrevam nela: 'A importância pessoal mata', e pendurem-na no lugar mais visível da casa. Leia essa frase diariamente, tente se lembrar dela no seu trabalho, medite sobre ela. Talvez chegue o momento em que seu significado penetre em seu interior e você decida fazer algo. O dar-se conta é por si mesmo uma grande ajuda porque a luta contra o eu gera seu próprio impulso.
Encontros com o Nagual - pág37
· "Ordinariamente, a importância pessoal se alimenta de nossos sentimentos, que podem ir do desejo de estar bem e ser aceito pelos outros, até a arrogância e o sarcasmo. Mas sua área de ação favorita é a compaixão por si mesmo e pelos demais. De forma que para espreitá-la, temos, acima de tudo, que decompor nossos sentimentos em suas mínimas partículas, descobrindo as fontes das quais se nutrem.
Os sentimentos raramente se apresentam em uma forma pura. Eles se disfarçam. Para os caçar como coelhos, nós temos que proceder sutilmente, com estratégias, porque eles são rápidos e não se pode entrar em acordo com eles.
Podemos começar com as coisas mais evidentes, como por exemplo: por que me levo tão a sério? Quão apegado estou? A que dedico meu tempo? Estas são coisas que nós podemos começar a mudar. cumulando energia suficiente para liberar um pouquinho de atenção. E isso, por sua vez, permitirá que entremos mais no exercício.”
Encontros com o Nagual - pág38
· "Percebam que a importância pessoal é um veneno implacável. Nós não temos tempo e o antídoto é a urgência. É agora ou nunca!
"Uma vez que vocês tenham dissecado seus sentimentos, devem aprender como canalizar seus esforços mais além da faixa do interesse humano, até o lugar da não piedade. Para os videntes, esse lugar é uma área de nossa luminosidade tão funcional como é a área da racional idade. Nós podemos aprender a avaliar o mundo de um ponto de vista desapegado, da mesma maneira que nós aprendemos, quando crianças, a avaliá-lo a partir da razão. Só que o desapego, como ponto de enfoque da atenção, está muito mais próximo da realidade energética das coisas.
Encontros com o Nagual - pág38
· "Um modo de definir a importância pessoal, é entendendo-a como a projeção de nossas fraquezas através da interação social. É como os gritos e atitudes prepotentes que adotam alguns animais pequenos para dissimular o fato de que na realidade eles não têm defesas. Somos importantes porque nós temos medo, e quanto mais medo, mais ego.
"Porém, e afortunadamente para os guerreiros, a importância pessoal tem um ponto fraco: ela depende do reconhecimento para subsistir. Como a pipa, ela precisa de uma corrente de ar para ascender e ficar no alto; caso contrário, cai feito pedra e se quebra. Se nós não damos importância à importância, esta se acaba.
Encontros com o Nagual - pág39
· Todas as nossas ações contam, porque elas desencadeiam avalanches no infinito. Por isso nenhuma vale mais que outra, nenhuma é mais importante que outra.
"Essa visão corta de uma vez só a tendência que nós temos de ser indulgentes com a gente mesmo. Ao ser testemunha do vínculo universal, o guerreiro cai presa de sentimentos desencontrados. Por um lado, júbilo indescritível e uma reverência suprema e impessoal por tudo que existe. Por outro, um sentido de fim inevitável e tristeza profunda que nada tem que a ver com a auto-compaixão; uma tristeza que vem do seio do infinito, uma rajada de solidão que nunca desaparece.
"Esse sentimento depurado dá para o guerreiro a sobriedade, a fineza, o silêncio de que ele precisa para intentar aí onde todas as razões humanas fracassam. Em tais condições, a importância pessoal fenece por si mesma".
Encontros com o Nagual - pág41
· "Para intentar o acesso ao mundo dos bruxos é necessário estar preparado. Um encontro acidental com o poder não levará a nada, exceto a um susto brutal para o pesquisador que, a partir dali, jurará que a bruxaria é obra do demônio, ou então que tudo é pura falsidade.
"Mas uma preparação mal dirigida, que fomente a importância pessoal em vez de aumentar o assombro e o desejo de aprender, se transforma em um estorvo quase total para o aprendiz. Aqueles que chegam ao nagual saturados de convicções em quase tudo não têm nenhuma oportunidade de continuar em frente.
"Então, a exigência para entrar no caminho do conhecimento é a mais profunda honestidade. É necessário desocupar o porto para que o navio chegue, reconhecendo que, no fundo, nós não sabemos nada. Uma vez que se alcança esse grau de preparação é assunto de sorte. O espírito determina quem será escolhido e quem não.
Encontros com o Nagual - pág114
· Pouco a pouco as histórias de Carlos foram fazendo efeito sobre mim. Certo dia, parei para deliberar seriamente sobre a quantidade de esforço que investia em sustentar minha importância pessoal. Não na forma grosseira em que esta normalmente se manifesta como auto-suficiência ou reclamações por atenção, mas em sua forma sutil, relacionada com as idéias fundamentais que eu tinha sobre o mundo.
Essas sessões de reflexão não me levaram a nenhuma certeza. Pelo contrário, comecei a notar como a estrutura ideológica inteira na qual eu vivia, e que sempre tinha dado por certa, estava cambaleando. Quando contei isso para Carlos, ele o tomou como uma coisa natural.
"Você está aprendendo a espreitar a si mesmo - falou. É o que você deveria ter feito desde que passou a utilizar a razão".
Encontros com o Nagual - pág139
· "A espreita pode ser definida como a habilidade de fixar o ponto de aglutinação em novas posições.
"O guerreiro que espreita é um caçador. Mas, ao contrário do caçador ordinário que tem a visão fixa em seus interesses materiais, o guerreiro persegue uma presa maior: sua importância pessoal. Isso o prepara para enfrentar o desafio de lidar com seus semelhantes - algo que o ensonho não pode resolver por si só. Os bruxos que não aprendem a espreitar se transformam em pessoas mal humoradas".
Porque?"
"Porque eles não têm a paciência para tolerar as bobagens das pessoas.
Encontros com o Nagual - pág143
· "O homem comum não sabe que espreita porque seu caráter foi subjugado pela socialização. Está convencido de que sua existência é importante; dessa forma, suas ações estão a serviço de sua importância pessoal, não do aumento de sua consciência"-
Acrescentou que uma das características da importância é que ela nos delata.
"As pessoas 'importantes' não fluem, dão-se ares de sua graça, presumem os seus atributos ainda que lhes faltem a graça e a velocidade necessária para se esconderem. Eles têm sua luminosidade demasiado rígida e só conseguirão flexibilizá-la quando já não tenham nada a que defender.
Encontros com o Nagual - pág146
· Em um tom muito formal, explicou que os guerreiros não se movem por importância pessoal, e portanto, suas decisões não são deles.
"Don Juan dizia que alguns homens de conhecimento, depois de uma vida de luta impecável, decidem permanecer, enquanto outros se dissolvem como sopros no infinito.
"O que faz com que alguns guerreiros lutem para reter seu eu é algo alheio a seus interesses pessoais. Pertencer a uma linhagem de poder implica laços de uma natureza tal que nossa personalidade fica anulada, é só um minúsculo detalhe em uma estrutura de energia a qual os novos videntes chamam 'a regra' ( O Regulamento).
Encontros com o Nagual - pág175
· Acrescentou que a tradição de sabedoria do México foi arquitetada por homens de poder em um ato supremo de altruísmo. Foi um intento para resgatar nossa liberdade essencial, mas funcionou durante um curto tempo. Na medida em que foi se entrelaçando com rituais e crenças supérfluas, suas criações terminaram se convertendo em agentes da fixação do ponto de aglutinação daquela sociedade.
"Essas obras são enormes concentrações de intento, mas o conhecimento que guardam não são puros, eles estão misturados com a importância pessoal de seus criadores e só vale a pena focalizá-los através da espreita. Particularmente as pirâmides são poderosos captadores de atenção. Elas podem nos levar rapidamente a estados de silêncio mental, mas também podem se voltar contra nós. Há um ponto em que é preferível abster-se delas que se aventurar sem defesas nos domínios dos antigos videntes.
Encontros com o Nagual - pág186
· Havia certos tópicos nos ensinamentos de Carlos que eram de um inegável valor prático; por exemplo, o conselho constante para que controlássemos a importância pessoal, adquiríssemos uma visão clara do privilégio de viver neste instante e adotássemos os princípios estratégicos do caminho do guerreiro.
Encontros com o Nagual - pág191
· "A importância pessoal e seus desagradáveis parentes, o secreto e a exclusividade, se alimentam da fixação do ponto de aglutinação. Por isso, o grande interesse dos antigos era gerar tradições rígidas, para desse modo conseguir a máxima estabilidade no seio de suas sociedades. Na realidade, seu interesse pelo espírito estava muito misturado com suas ambições de poder temporal.
Encontros com o Nagual - pág210
· "Os antigos não puderam separar de suas práticas uma grande dose de importância pessoal. Como eles desfrutavam do poder sobre seus semelhantes, eles nunca puderam focalizar com claridade a proposta da liberdade total. Embora fossem videntes insuperáveis, foi impossível a eles prever que seu entusiasmo para descobrir o mundo ia terminar metendo-os em compromissos dos quais já não poderiam escapar.
Encontros com o Nagual - pág219
· A razão só serve para inventariar as coisas, não para compreendê-las. Também, deixa um desagradável subproduto que os videntes vêem como uma membrana escura que cerca nossa luminosidade: a importância pessoal.
Encontros com o Nagual - pág219
· "O grupo é um ser autoconsciente que nos supera amplamente. Participar de seu intento é algo tão excepcional, que assim que um aprendiz vislumbra sua totalidade, a posição de ego simplesmente se derrete. Isso não implica que ele automaticamente fica impecável; ainda vai ter que se esforçar durante anos para temperar seu caráter e extirpar a importância pessoal, assim como a obsessão pelo poder.
Encontros com o Nagual - pág248
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